A maioria das mulheres não sabe que um gemido é mais afrodisíaco que catuaba e amendoim juntos. Pensou nisso enquanto comia a transtornada do quinto andar. Ela era o subtipo de mulher que os Homo sapiens sapiens do sexo masculino mais odeiam. Mulher-múmia. Abriu as pernas feito um compasso, foi logo puxando um cigarro da gaveta, ela parecia longe dela mesma enquanto ele metia. Se tivesse um pouco mais bêbado não ia saber se tava fodendo uma mulher ou uma boneca inflável. Geme, cadela. Pensou consigo mesmo que tinha muita mulher que não gemia pra não parecer puta. Estereótipo fudido. Não era o caso da drogada do quinhentos e três. Aquela era puta mesmo. Puta múmia ou múmia puta, não soube definir. Esporrou em cima dela e só percebeu que ela não tinha morrido porque saiu um suspiro disforme de lá. Pra onde cê vai? Compra cigarro. Riu. Anorética esquizofrênica do cacete. Tentou imaginar o oposto. Lembrou do filme pornô que assistiu em casa. A moça aguentava uma coca de litro com folga e ainda se dava ao trabalho de fingir um gemido. Não era nisso que tava pensando. Não precisava ser ambulância. Porra. O homem tem cinco sentidos. Só se esfrega a lâmpada pra ver o gênio. Dá um daquele ali. Não, do vermelho, senão ela chia. Voltou e a coisa ainda tava estendida na cama, mesma posição, o cigarro quase no filtro, a inconfundível cara de bunda. Aliás, aquilo era bom, pelo menos ela tinha uma bunda em algum lugar do corpo. Comprou? Tem cerveja aí? Ela podia gemer, a vaca esquelética. Ou falar uma sacanagem qualquer no ouvido. Passar a mão nas bolas. Arranhar as costas. Qualquer coisa, até queimar com o resto do cigarro. Menos aquela morgação de zero a zero em final de campeonato. Pensou que ia ter que imaginar a boca da Angelina Jolie
num boquete frenético pra ficar duro de novo. Ligou a tevê no canal pornô e procurou a moça com o litro de coca pra balancear o silêncio do quarto. Nem catuaba com amendoim ia fazer efeito ali.
Um comentário:
adorei esse texto!!
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