Ah, coração louco!
Era eu ali, chorando rouco
Pelos cantos, apático
Ah, que patético, coração!
Há que ver, que mesmo sem sentido,
Sentido estava eu
A lamuriar meus dias,
Gastando minhas lágrimas
Em intermináveis rios turbulentos
Visando aplacar o alento
E, no afã
De livrar-me do tormento,
Esqueci-me das ensolaradas tardes
Sobre a relva
Nesta selva de pedra
Mas, antes que a raiva me contradiga,
Deixe que eu diga:
Não é ira o que vês, é falta;
São saudades tuas o que sinto;
Sou sincero, pois, não minto;
Não há o que preencha melhor
O vazio no peito cansado
De sofrer que tua voz,
Minha cara;
Que teu cheiro, essência fina;
Tua tez, tua pele
Que maciez!
Volta, então, coração!
Acende a chama
Volta, amor!
Meu corpo emana
Aura que só tu sabes controlar;
E, por mais que eu tente manchar
Tua imaculada carne,
Sei que etérea és,
Vens só à tarde
Nas ébrias nuvens do meu pensar;
Que desvario!, pode ser que digam
Mas, se de médico e louco
Cada um tem um pouco
Que mal há em chorar,
Mesmo rouco,
Se isso aplaca o sofrer?
És tu, linda flor
Rara orquídea;
Minha musa, meu ardor
Minha diva;
Menina-moça, mulher,
Fêmea doce, cativa
Do coração meu;
És tu que vem, altiva,
Meus sonhos enternecer
Um comentário:
Meu Deus, um convite desses periga a pessoa ir! Muito lindo, Dare.
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