A memória de um povo
Tão entranhada na vida
Quanto o barro na taipa
Sobrevive, a duras penas,
Ao tempo, predador
E o tapa na cara que,
Infelizmente, também sobrevive
Ao nivelador de todas as coisas:
Um ser de alto gabarito,
Com o conhecimento milenar
Que o capacita a erigir
O lugar onde dorme
Sonha,
Na cama do descaso,
Em poder escrever o próprio nome
Assim vive o Brasil das contradições
13 de abr. de 2021
31 de mar. de 2021
É quando cai a noite
Naquelas poucas horas
Suspensas, aerossolizadas
Entre o claro e o escuro
Dia, noite
Yin e yang
Que a mente escorre
Para o papel (tela)
Feito tinta
Feito água
Feito vida
Nessa dimensão onírica
Se vive e morre
Mil vezes, e mil vezes mais
Apenas para ressuscitar
Na mesma-outra carne
Sob a mesma luz
A abóbada de estrelas
Se converte em furiosa
Fusão nuclear
E a retina grita, incandescente
O choro que, um dia
Escapou dos pulmões
Para não mais voltar
Quantas vezes antes
Eu ou tu choramos, irmão?
Quantas vezes antes
Nosso olho clamou
Por essa breve morte
Que paira entre as convenções
Dos viventes?
Quantas vezes antes
Convulsionamos por essa febre libertadora
Do não existir?