É quando cai a noite
Naquelas poucas horas
Suspensas, aerossolizadas
Entre o claro e o escuro
Dia, noite
Yin e yang
Que a mente escorre
Para o papel (tela)
Feito tinta
Feito água
Feito vida
Nessa dimensão onírica
Se vive e morre
Mil vezes, e mil vezes mais
Apenas para ressuscitar
Na mesma-outra carne
Sob a mesma luz
A abóbada de estrelas
Se converte em furiosa
Fusão nuclear
E a retina grita, incandescente
O choro que, um dia
Escapou dos pulmões
Para não mais voltar
Quantas vezes antes
Eu ou tu choramos, irmão?
Quantas vezes antes
Nosso olho clamou
Por essa breve morte
Que paira entre as convenções
Dos viventes?
Quantas vezes antes
Convulsionamos por essa febre libertadora
Do não existir?
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