28 de mar. de 2010

Acorda
Finge, ressona
Um olho no gato
Outro no peixe
Frito na brasa
A batata do almoço
Amanteigada
Levo meu naco
Adeus

Lê na bancada
Minhas derradeiras letras
A linha torta, escrita a carvão
A batata d'ouro ainda brilha no prato
Chora
Espolia suas lágrimas
Soluça, ela
Solitária

Só de roupas de baixo
Levanta
Caminha à porta, rebola
Alvo o colo
À luz da lua
Seduz
Me chama
Seu canto ecoa
Ribomba nas pedras
Do desfiladeiro
Distante, onde moro

E na minha caverna, sonar dos morcegos
Ainda queima a fogueira
Dançam as chamas
Amarelo
Vermelho
Em meio à quentura
Desfila, bem nua
Nobre silhueta
Da dama mais pura

Molho meu rosto
Tento acordar
Mas me prende ao devaneio
O mais lindo olhar
Cheiro das ancas
Preto o cabelo
O jeito de andar

Pausa
Ventrículo estático
Nacarada pele
Palidez irresoluta
Sudorese noturna
Taquicardia
Rigidez matinal

Acordo
Vazio o lugar
Na minha cabeça
Inda pulula
O mais límpido cantar
Dos seios brancos à janela
Daquela
Que vive lá
Depois das montanhas
Naquele lugar

Donde vim
E não mais quis voltar
Por mais frugal que fosse o amor à cama
Algia crural

Agora novamente me invoca
À esplendorosa toca
Mulher-bicho
Bicho-homem
Selvagem local
A batata ainda à mesa
O peixe, ainda presa
Cheiro de brasa

Oi, eu digo
Voltaste, diz ela
E não mais se fala
Só uivos à meia-noite

4 comentários:

Junior disse...

putaquepariu ta fooooda!

Geraldo Brito (Dado) disse...

Já havia vindo aqui... Muito legal esse último post. Parabéns pelo criativo blog!

Verânia Aguiar disse...

Muitos parabens, benditos segundos passados
tem muito talento aqui!
:)
´bj!

E. disse...

estais fazendo sucesso, Maeda! =]

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