28 de mar. de 2023

Não sei se os dedos ainda recordam.


Se olhasse só para eles, não veria as rugas que se anunciam.

Ou um fio branco solitário.

Ou as pilhas de emplastro para as dores nas costas; 

ou, pior, a dor que não se alivia com analgésico.

Certamente não veria a crescente nostalgia.

Ou a retumbante sensação de impotência

frente ao que não se pode mudar.


Tenho dúvida se veria os olhos fundos de insônia.

Ou o derrotado sorriso, de pesar.


Até as palavras minguam; é fácil contar...


Preciso mudar.


Caro leitor, não desista; é fácil parar...


Refaçamos o brilho.

"Tenho dúvida se posso"; mas deves tentar.


Não adianta chorar; não há tempo que volte.

Em verdade, não há tempo, ponto. Siga o mote

da vida. O que não tem remédio, remediado está.


Não olhe só para si, mire em volta

E verá

Que nenhuma dor é solitária

Sozinho só está quem já morreu.



E esse já não precisa recordar. Esse sou eu.