16 de nov. de 2013

É chegada a hora.

O momento de silêncio absoluto
Em que cada suspiro é total
E impressionantemente audível

E é sabido;
O praticante toma consciência
Em cada pêlo e cada poro
De seu frágil corpo em morte progressiva:

Ele é capaz de tocar o vazio
De experimentar o nada
Um nanossegundo ou um milênio
São a mesma e indefinida coisa

Fecha os olhos para a luz
Fecha o corpo para a dor

Apenas a alma levita
Incólume
Intocável
Indestrutível

Invulnerável...

A selva de pedra grita mais meia centena
De buzinas e sirenes
Quando o escuro da noite cai sobre os homens
E abre milhares de olhos-luz
Pontilhando o breu de esperança
Enquanto a cidade cospe novos segundos de vida
Sobre os que dormem

Alheios
Ignorantes

Então o sol abre seu único olho flamejante
A névoa se desfaz
E pássaros coroam a alvorada com seu grito tênue de vida

O olho do praticante está aberto

Ele sempre esteve.

12 de nov. de 2013

É impressionante a exatidão das coisas
Eu sei que muita gente,
Inclusive eu (muitas vezes),
Tende a encarar coisas e fatos
Como "pouco" isso, ou "meio" aquilo
Talvez "muito" disso
Quem dera fosse "mais" ou "melhor"
Queixam-se de "menos" ou "pior"
Nem fale nos ubíquos "excessivo" ou "insuficiente"

Costumam encarar tudo adjetivamente
E não param para observar e se maravilhar
Com o que, de fato, tudo que existe
Simplesmente é

Boa noite, sonhadores.

6 de out. de 2013

Mermão,
Recomende um disco
Que eu puxo agora mesmo,
Feito fumo

Agradecimentos a: Juca Gonzaga, George Harrison

2 de out. de 2013

Oh, clausura de carne
Úmida entranha egoísta
Deglutindo tudo para si

Ah, grito molhado
Súbita e saborosa
Mioclonia inguinal

Uh, amor fendido
Guarda para ti
Mililitros de fertilidade


17 de set. de 2013

Cadê você
Heróina de armadura reluzente?

Os abutres nos consomem o futuro
Em nuvens de fumaça
E balas de borracha

Cadê você
Sua espada de luz?

Pois se até cegos podem ver
A bruxaria que corrompe
Por que ignoras nosso pesar?

Cadê você
Guerreira imaculável?

Vem brandir teu poder
E açoitar de penitência
Esses parasitas
Esses cães sarnentos
Transmitindo essa doença insolente

Cadê você Justiça?
A tua balança, o teu julgamento?

Quando foi que resolveste tirar férias
E nos deixaste neste inferno de Dante
Nesta comédia não-divina que fazem de nós
Dia-a-dia?

26 de mai. de 2013

Transcender = voar,
É carregar a alma
de liberdade.


(Vampirando-me do sangue de Leminski)

19 de mai. de 2013


No olhar
E no coração
De quem julga
A ira
E ignorância
Dos mais vis demônios

Existe
No sorriso
De quem entende
E perdoa
O amor
E inocência
De crianças em flor


Quem desejas ser?

"(...) before you point your fingers, / Make sure your hands are clean / Judge not, / Before you judge yourself!"
Judge Not - Bob Marley (1962) (clique para ouvir a música)

14 de mai. de 2013

Eu quero teu beijo
Quero teus olhos de jabuticaba
Quero teu oi
Quero teu olhar profundo
Bandeirante
Descobre até meus riachos mais secretos
Quero teu gozo
Quero teu grito
Quero tua pele
Teu toque
Linho nobre, pura seda
Como diria Renato
Quero teu hálito
Quero teu cheiro
Quero teu boa-noite
E teu bom-dia
Quero teus cabelos
Quero teus cabelos presos em minha barba
Quero ter de mudar de posição para não sufocar com teus cabelos
Teus longos cabelos, lindos cabelos
Quero tuas costas
Teus seios
Quero aninhar-me em teu colo, depois em teus sonhos
Quero sonhar contigo
Acordar contigo ainda
Quero saber teus desejos
Realizá-los
Ou morrer tentando
Quero saber teu passado
Ser teu presente e futuro
Teu sexo
Quero tuas coxas
Teu pulo de gata
Quero tua língua
Teu banho de língua
Quero ter saudade de ti
Não muita
Apenas o bastante
Quero olhar o céu contigo, amor
Quero tomar um banho de praia e sal, e sol
E de suor
Quero teu nome e sobrenome
Quero tua mão na minha
Quero teus pés juntos aos meus
Quero teu caminho, teus trilhos
Ou te conduzir sem destino
Quero tua confiança
Quero teu conforto
Quero teu querer
Quero tua voz
E vós, somente vós
Minha rainha, minha deusa
Pode me dar tudo que quero
E não é pouco
Nunca foi

Apenas o bastante.

3 de mai. de 2013

Se a gente não faz das tripas coração para lamber as feridas no coração do outro, não vale a pena ter tripas, língua ou coração.