28 de mar. de 2010

Acorda
Finge, ressona
Um olho no gato
Outro no peixe
Frito na brasa
A batata do almoço
Amanteigada
Levo meu naco
Adeus

Lê na bancada
Minhas derradeiras letras
A linha torta, escrita a carvão
A batata d'ouro ainda brilha no prato
Chora
Espolia suas lágrimas
Soluça, ela
Solitária

Só de roupas de baixo
Levanta
Caminha à porta, rebola
Alvo o colo
À luz da lua
Seduz
Me chama
Seu canto ecoa
Ribomba nas pedras
Do desfiladeiro
Distante, onde moro

E na minha caverna, sonar dos morcegos
Ainda queima a fogueira
Dançam as chamas
Amarelo
Vermelho
Em meio à quentura
Desfila, bem nua
Nobre silhueta
Da dama mais pura

Molho meu rosto
Tento acordar
Mas me prende ao devaneio
O mais lindo olhar
Cheiro das ancas
Preto o cabelo
O jeito de andar

Pausa
Ventrículo estático
Nacarada pele
Palidez irresoluta
Sudorese noturna
Taquicardia
Rigidez matinal

Acordo
Vazio o lugar
Na minha cabeça
Inda pulula
O mais límpido cantar
Dos seios brancos à janela
Daquela
Que vive lá
Depois das montanhas
Naquele lugar

Donde vim
E não mais quis voltar
Por mais frugal que fosse o amor à cama
Algia crural

Agora novamente me invoca
À esplendorosa toca
Mulher-bicho
Bicho-homem
Selvagem local
A batata ainda à mesa
O peixe, ainda presa
Cheiro de brasa

Oi, eu digo
Voltaste, diz ela
E não mais se fala
Só uivos à meia-noite

23 de mar. de 2010

Nunca subestime o amor...

Quase sempre você o conhece franzino, pequeno, o amor, e não o vê crescer e ficar maior, se agigantando no teu peito... o amor.

No começo, de tantos outros sentimentos, calor, alegria, êxtase, amizade, camaradagem, ternura, carinho, paixão, nervosismo, medo, aflição, dor, insegurança, felicidade, ganância, abatimento, afeição, bravura, bom-humor, brio, carência, ressentimento, fraqueza, gentileza, graça, frustração, harmonia, gula, imperfeição, inconstância, vergonha, virtuosidade, necessidade, ousadia, orgulho, luto, loucura, mágoa, amor, vivacidade, volúpia, união, tristeza, covardia, teimosia, ódio, solidão, incredulidade, lealdade, sensatez, sensualidade, safadeza, força, fidelidade, fingimento, amargura, dentre tantos e tantos sentimentos de que dispõe a língua, ele é aquele que não se consegue notar a princípio...

Dentre tantos sentimentos coloridos, ele se camufla, monocromático...

E então, aos poquinhos, ele vai aparecendo, se destacando... de tal forma que, em algumas ocasiões, até não notá-lo no que você mesmo escreve se torna difícil (pule algumas partes caso se entedie):

"Nunca subestime o amor... Quase sempre você o conhece franzino, pequeno, o amor, e não o vê crescer e ficar maior, se agigantando no teu peito... o amor. No começo, de tantos outros sentimentos, calor, alegria, êxtase, amizade, camaradagem, ternura, carinho, paixão, nervosismo, medo, aflição, dor, insegurança, felicidade, ganância, abatimento, afeição, bravura, bom-humor, brio, carência, ressentimento, fraqueza, gentileza, graça, frustração, harmonia, gula, imperfeição, inconstância, vergonha, virtuosidade, necessidade, ousadia, orgulho, luto, loucura, mágoa, amor, vivacidade, volúpia, união, tristeza, covardia, teimosia, ódio, solidão, incredulidade, lealdade, sensatez, sensualidade, safadeza, força, fidelidade, fingimento, amargura, dentre tantos e tantos sentimentos de que dispõe a língua, ele é aquele que não se consegue notar a princípio... Dentre tantos sentimentos coloridos, ele se camufla, monocromático... E então, aos poquinhos, ele vai aparecendo, se destacando... de tal forma que, em algumas ocasiões até ler o que você mesmo escreve se torna difícil."

ZzZZzZzZZzZZZZzZzZZzZZamorZZzZZzZZzZZzZZZzzzZZZzZzzZZamorZzZZzzamorZzZZzZZZZZzZZZZZzZZamorzZZzZZZzzZZZZzZZamorZzzZZamorZzzZZamorZzZamorZzamorZamorZamoramoramoramoramor
Dormir torna-se impossível. Escrever, idem. Eis meu último texto:

"
- Que há contigo?
- Slieá, umtlaemntie sa caioss pceraem mu ttnao ehlbaardaams an mhnia mtnee. Ãno csgonio ecvsreer.
- Que merda, hein."

Até o bendito dia que você nota que tem algo estranho com você. Não por acaso, começa a esquecer o lugar onde pôs as coisas, compromissos importantes, seu nome e endereço. Sua agenda começa a ter dias reservados para compromissos mais importantes que os mais importantes dos mais importantes. E você percebe que não é mais você. O dia muda, o semblante muda, o telefone muda, a conta bancária muda e o mais importante: seus planos mudam. Porque agora você não é mais só um ou você. Contrariando a matemática e o português, você agora é nós dois.

O amor. Aquela coisinha insignificante de quatro letras finalmente acaba por ocupar tua cabeça. E você conta as horas, os minutos, os segundos e os milésimos para estar com quem ama. E dois anos depois, ainda consegue encher uma página ou duas de palavras, tentando explicar apenas uma. Amor.

(Mesmo sabendo que já existe alguém pra te explicar, bem direitinho).




Dois anos tentando explicar o inexplicável. Te amo, vocesabequem.

15 de mar. de 2010

- Que há contigo?
- Slieá, umtlaemntie sa caioss pceraem mu ttnao ehlbaardaams an mhnia mtnee. Ãno csgonio ecvsreer.
- Que merda, hein.