16 de nov. de 2013

É chegada a hora.

O momento de silêncio absoluto
Em que cada suspiro é total
E impressionantemente audível

E é sabido;
O praticante toma consciência
Em cada pêlo e cada poro
De seu frágil corpo em morte progressiva:

Ele é capaz de tocar o vazio
De experimentar o nada
Um nanossegundo ou um milênio
São a mesma e indefinida coisa

Fecha os olhos para a luz
Fecha o corpo para a dor

Apenas a alma levita
Incólume
Intocável
Indestrutível

Invulnerável...

A selva de pedra grita mais meia centena
De buzinas e sirenes
Quando o escuro da noite cai sobre os homens
E abre milhares de olhos-luz
Pontilhando o breu de esperança
Enquanto a cidade cospe novos segundos de vida
Sobre os que dormem

Alheios
Ignorantes

Então o sol abre seu único olho flamejante
A névoa se desfaz
E pássaros coroam a alvorada com seu grito tênue de vida

O olho do praticante está aberto

Ele sempre esteve.

12 de nov. de 2013

É impressionante a exatidão das coisas
Eu sei que muita gente,
Inclusive eu (muitas vezes),
Tende a encarar coisas e fatos
Como "pouco" isso, ou "meio" aquilo
Talvez "muito" disso
Quem dera fosse "mais" ou "melhor"
Queixam-se de "menos" ou "pior"
Nem fale nos ubíquos "excessivo" ou "insuficiente"

Costumam encarar tudo adjetivamente
E não param para observar e se maravilhar
Com o que, de fato, tudo que existe
Simplesmente é

Boa noite, sonhadores.