18 de out. de 2014

É no escuro
Que fala o tato

Há quem diga
Que, em terra de cegos,
Quem tem um olho é rei

Eu digo
Sem medo de errar
Que nasci com dez olhos extras
Cada um apontando para uma diferente direção

Daria meus dois olhos originais
Para usar meu tato em ti
Hoje,
Minha rainha,
Nesta maravilhosa madrugada de sábado

Para cantar no breu
As músicas que embalam
Meus mais quentes sonhos
Minhas mais calorosas vontades
Desenhar meu amor com a ponta dos dedos
Na tua pele e sentir teu arrepio

Se a beleza está nos olhos de quem vê, espiaria
Com os dedos, cada belo centímetro do teu corpo
E findaria eu mesmo a visão
Para gravar para sempre na memória
Deste incansável trovador
A poesia diária que é te ter como luz
Dos olhos meus.

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"Tudo em vorta é só beleza
Sol de abril e a mata em frô
Mas assum preto, cego dos óio
Num vendo a luz, ai, canta de dor"

Luiz Gonzaga