1 de out. de 2015

"Generalized intelligence and mental alertness are the most powerful enemies of dictatorship and at the same time the basic conditions of effective democracy" - Aldous Huxley.

Aí você olha ao redor e tem uma dor na boca do estômago.

Inteligência generalizada: sim, a maioria das pessoas é inteligente, ao seu próprio modo. Mas a inteligência deve vir acompanhada de educação. Não educação formal, no sentido de que toda pessoa tem de ter diploma de universidade ou ser doutor ou pós-doutor em alguma coisa, mas educação no sentido de deixar de ser um simples roteador de informações, quando uma coisa "entra por um ouvido e sai pelo outro", e analogias semelhantes. Educação no sentido de saber decodificar aquilo que está sendo apresentado a você, e saber extrair o suficiente para tomar decisões de forma coerente. Nesse sentido, sertanejos analfabetos daqueles de couro duro de tanto sol são, quase sempre, muito mais inteligentes do que o cidadão médio. Eles sabem manusear os instrumentos disponíveis e "colher os frutos" adequadamente, apesar de educação escassa. No outro extremo temos pessoas educadas que não sabem juntar lé com cré nem fazer um O com uma quenga de coco. Triste, mas continuemos...

Estado de alerta: aqui, temos um problema muito maior. A maioria das pessoas está tão perdida em seus próprios devaneios que esquece o que existe ao redor e a influência que recebe deste meio e que causa a ele. Um estado permanente de perplexidade e adormecimento que os torna menos humanos, que subutiliza a capacidade fenomenal de receber estímulos e interpretá-los inerente a uma das estruturas mais incríveis que conhecemos: nosso corpo. Uma massa de indivíduos que só acorda com café e só dorme com Rivotril, mas se preocupa mais com o que o próximo está usando do que com o próprio estômago/cérebro. Que acredita na existência de um deus e nega veemente e violentamente a existência de outros, mesmo que o aparato tecnológico disponível não consiga provar ou refutar nem um nem outro, mesmo que a única evidência do divino no seu próprio corpo seja um arrepio num momento de transcendência individual. Que divide semelhantes entre dualidades ridículas e os afasta incessantemente de sua própria espécie, mesmo que a História mostre, repetidamente, que o único motivo de estarmos vivos é a coletividade. Uma legião que classifica e taxa o amor, mas promove o ódio sem saber quem está na outra ponta. Troca o olho no olho por uma interação digitalizada que falseia a própria imagem e se encarcera em cubículos de concreto para observar a natureza soberana (a que ainda resta e resiste) pela janela de um computador pessoal. Que pedala uma bicicleta estática e atropela as que circulam. Que julga as decisões alheias, mas não tem culhões para seguir o próprio rumo sem comparar a sua grama com a do vizinho. Junte a isso a habilidade inigualável dos (des)governos de restringir a liberdade individual e de sugar a energia vital dos contribuintes e temos um verdadeiro cenário de apocalipse zumbi.

Democracia? Ok, senta lá Cláudia.

Não precisamos esperar por robôs e inteligência artificial. Os caminhos do mundo já trataram de transformar-nos nisso.

28 de mai. de 2015

Tomando nota:

"o balcão é o espaço mais democrático que pode haver em um bar. é onde você pode chegar em sua qualidade seule contre tous e encarar a noite chopp atrás de chopp sem ser julgado por sentir o peso das coisas no fim do dia."

Por sara castillo (clique para redirecionar)
Não se queixe da vida, pequeno padawan
É na febre vespertina que a cerveja parece mais gelada

Que com vocês a Força esteja

18 de mai. de 2015

Quem disse
Que todo mundo diz
O que pensa?
Que certeza tenho eu
De outrem
Sorriso ou pranto?

Crê,
Nada é pétreo, Pedro
Nem de graça,
O pão, nem a cachaça

A mão que afaga
É a mesma que apedreja

E quanto mais alva a mentira
Mais escura a queda

Afasta da margem a certeza,
Posto que emperra

E deixa correr a dúvida
Como correnteza

Pois,
Quanto mais rasa a verdade,
Mais funda a ferida

Sob a casca
Há dor
E sob a carne,
Todo ser sangra

Mas nem todo ser tem coragem
E nem toda palha faz fibra
(Que preste)

Só bota boneco
Planta que pode
E só chora quem sofre
Mesmo que o choro
Mudo seja

Feito lua nova em noite escura
Como maré baixa insidiosa
Só sabe quem vê
Com os olhos da terra

O peito que bate
É o mesmo que encerra
A dor "na vera"

É pura miséria

Quem aceita o fim mais triste
É o mesmo que enerva
A idéia

E na hora mais dura
Desconversa

Antes um sorriso,
Mesmo seco,
Que a lágrima certa

Boa noite, diz
A envenenada seta
A diluir-te o sangue
Podre assecla

Posto o manto
Finda a regra,
Vira o rosto
Muda a meta

No fim, és tu solo
Pura merda.

7 de abr. de 2015

Eu quero
Que você passe
Que eu passe
Que todos passem

Mas o tempo passa, também
Sabes, amor?

E então,
Quando tudo passar,
Que seremos nós?