15 de dez. de 2012

A vida é uma doença para a qual não há cura.
Resta-nos conviver com ela da melhor forma possível até que nos mate.

6 de nov. de 2012

Carta a um grande amor:

Te amo demais.
Às vezes me dá uma agonia, uma vontade de jogar tudo pro alto, mandar meio mundo à merda e ir te buscar, onde estiveres.
Me dá uma sensação de impotência gigante, saber que existe tanto amor, tanto sentimento em jogo, e a gente cozinhando isso em banho-maria, esperando que se concretizem planos e metas socialmente exigidos.
Tempo é algo que não volta; o que temos hoje não há dinheiro, status ou realização pessoal que pague.
Às vezes não entendo por que raios inventaram esse monte de coisas inúteis, ficar engolindo conhecimento que, na maioria das vezes, nem é prático.
Acho que foi por isso que fiquei meio triste hoje, por lembrar desses empecilhos absurdos, desses obstáculos ridículos, quando a felicidade está num abraço, num beijo e num sorriso, bens gratuitos e de fácil acesso, tanto a doutores quanto a analfabetos.
Fica bem, amor.

E vai treinando esse sorriso, que eu já estou chegando.

23 de out. de 2012

É foda ter que falar 'foda' entredentes
Enquanto putas gementes
Alegram marmanjos indecentes
Sentados em seus sofás decadentes
Eu vivo sonhando
Não sei por que, de certo
Mesmo com os olhos abertos
Mas o que de há de errado,
Pois, em viver voando,
Se, de vez em quando,
Todos querem ter asas?
Ela perguntou, assim, meio sem jeito, se eu tinha pressa, ao que confirmei com um aceno de cabeça.

Despiu-se então do pudor e das roupas, nessa ordem.

Tinha ela os seios pequenos, com mamilos bem rosados. As costas nuas eram uma obra-prima. Não soube por onde começar, ou terminar. Fato é que nada aconteceu como eu imaginara: se pensei em beijar-lhe a boca, o pescoço pareceu irresistível; se achei que a coisa toda aconteceria rápido demais, me enganei - primeiro, quando ela se demorou infinitamente em meu sexo com os lábios, depois, o gozo pareceu interminável quando a olhei nos olhos, estando por cima ou abaixo dela.

Por fim, lavou-se, penteou os longos cabelos castanhos e amarrou-os com uma fita azul.
Salpicou algo cheiroso sobre o colo e vestiu as roupas com a mesma habilidade com que as tirou.

- Produzirei tempestades para te açoitar, se for necessário para que retornes - ameacei.
- Não duvido.

E foi-se montada na garupa de uma águia gigante de olhos verde-esmeralda.
Senta, amigo
E reflete

Tuas nádegas são preço barato comparado ao que aprendes

Grita, amigo
E questiona

Tua voz é preciosa arma contra o ócio induzido pelo mundo em que vives

Pula, amigo
E festeja

Pois, desde que nascestes, estás morrendo

Deita, amigo
E dorme

Uma lua sempre vem no pôr-do-sol

Acorda, amigo
E agradece

O sol sempre beija o mar antes de te dar bom-dia.

14 de out. de 2012

Guardar sentimentos por medo da perda é desperdício de tempo.
Abramos um furo no peito e deixemos o mundo entrar por ele, devagar,
[enquanto põe o amor para fora.]


Até que não reste ar em nossos pulmões,
Nosso último suspiro
[feliz.]

10 de out. de 2012

É tarde
E o garoto se aperta contra o dorso
Da gigante víbora de escamas vermelhas
Que serpenteia no vale entre a campina
E a praia de cascalhos

Sssss...
Ssssssssssssilvando histórias perdidas há muito
E músicas ouvidas há pouco
Entre venenosas presas de luz

Cortada a serra
Transpassado o vale
A grande cobra vermelho-rubi
Explode em incontáveis estrelas
Cor-de-chama

E o homem retorna
Pouco a pouco
Ao infinito repetido da rotina,
Como uma ouroboros
Devorando a própria cauda

Aninhado numa montanha
De lençóis bordados de barcos azul-turquesa
Ele sonha com as velas,
Empurradas por um vento de monção
Que o irão levar de volta ao começo

Onde ele transborda alegria,
Amor e canção
Onde o começo e o fim são o mesmo ponto
Ontem e amanhã são o mesmo dia
E se paga o mesmo preço
Tanto bom quanto melhor
Logo só se escolhe o segundo

Neste lugar,
Em curto espaço de tempo,
O agora se torna inesquecível
E você, homem-feito-garoto
Sempre quer voltar de carona,
Nas costas de uma píton de fogo

Fim-começo,
Desenhando um oito, infinito
Como a serpente de ouro.

30 de set. de 2012

"We always want what is best for our loved ones–so we should pray for their well-being and happiness. Prayers are a bridge of faith that unites us in spirit with those we love. Prayer spans all distances–day and night–and brings great comfort. We may not always be with family and friends when they are going through a challenge; however, we can be of help right where we are. Pray for them and hold thoughts in mind of their healing and prosperity."

[seção Positive Vibrations]
Há um navio atracado na minha varanda
Esperando ordens do cais
Gaivotas rodeiam o mastro desta caravela errante
Que em porto de pedra veio parar
Sete andares do solo
O velame ruge sob os ventos
Bucaneiros e canhões espreitam por olhos de madeira

Há um navio atracado em meu peito
Aguardando direções de mim
Só dúvidas circundam minha fronte
Da ressaca do porto vou zarpar
A sete milhas da terra estou
Minh'alma ruge sob a culpa
Só a esperança espreita das sombras

Há um navio atracado
Suas luzes no espelho escuro do mar
Vejo o reflexo do passado e futuro
Deixei mulher e filhos pra trás
Só o horizonte à minha frente
Memórias no bolso rasgado
Pirata de sonhos

31 de ago. de 2012

Eu minto para mim mesmo ao acordar.
Sol e brisa se despedem.

Sou uma meretriz; uma rapariga; uma mulher-da-vida.
Sou uma puta.

Aliás, sou pior que isso, que me perdoem as putas.

Uma puta vende, entre gemidos, o corpo.
Eu vendo, calado, a mente,

Enquanto minh'alma agoniza, no cativeiro do corpo,
Fragmentos de sonhos,
Música e cor.

Vivo na lei alheia.
Desrespeitam minha forma, minha barba e meu cabelo.
O modo de me vestir.

Assim sigo, escravo de outrem,
Demoralizo-me.

Uma puta termina o dia com manchas de esperma, vinho, champanhe e cigarro.

Meu dia é um interminável branco, manchado de sangue, sofrimento e dor.
E até o cigarro que fumo é questionado.

Medicus quandoque sanat, saepe lenit et semper solatium est.

E a minha dor? Quem há de curar?

Lua e maresia me recebem.
E minto para mim mesmo ao dormir.
...Quando durmo.

(Agradecimentos especiais ao meu cigarro, à noite e às luzes da cidade, que nunca fecharam os ouvidos aos meus pensamentos e divagações.)

9 de mai. de 2012

Saudade é o nome dado ao amor pago à prestação.

4 de mai. de 2012

Os lábios são
Na maioria das vezes
Dois seixos
O simples contato
Libera faísca
Inflama a palha
Que é a carne humana

E aí o fogo toma conta.

28 de mar. de 2012

"Viver é desenhar sem borracha."
Millôr Fernandes
1924-2012

29 de fev. de 2012

Gente, venho rapidamente divulgar o blog Música da Paraíba; confiram.

O link taí do lado ---->

13 de fev. de 2012

Sono é um item difícil de se adquirir e mais difícil ainda de se desfazer.

31 de jan. de 2012

É com pesar que parte o cavaleiro
Todo aço e saudade

No claustro da armadura
O coração toca todos os ritmos
Despedindo-se com música

Quando mais irá ouvir a voz da amada?
Que será de seu corpo sem a mulher
Para cavalgá-lo, garanhão, puro-sangue
Pura honra?

É com dor que se despede a senhora
Toda negra, tudo é luto

E é com força que luta
Pra sobrepujar o peso
No coração seu

Quando mais se abrilhantará aos olhos
A prata dos cabelos do seu homem?
Que será de sua vida sem um rumo,
Sem uma certeza, sem um mastro
Num sentido e no outro?

Serão ele e ela uma galé à deriva
No oceano de incertezas que é a guerra

Ele, sem o ritmo para lhe empolgar os remos
Ela, sem o brilho das estrelas
Para lhe dar prumo

Depois, só depois
Retornará o homem
Hasteada a glória sobre a cabeça
E pisoteado o coração sob os pés
Corpo e alma quebrados

Depois, só depois
O receberá com beijos e ancas
A mulher, um sorriso de ouro
Jóia trabalhada na carne dos lábios
Os de cima e de baixo

Mas depois, só depois...

Por enquanto os sinos dobram
Por enquanto toca a corneta de guerra
Por enquanto uivam os lobos
Por enquanto tremulam os estandartes
Por enquanto ele sua, e ela tece
Por enquanto ele é espada, ela é prece

E só compartilham lágrima.