10 de ago. de 2010

Injetei no braço esquerdo, logo depois da curvinha do cotovelo, como me mandaram fazer. Trinquei os dentes esperando o pior. Acordei em uma praia deserta, quilômetros e quilômetros para cada lado, sem sequer pegadas de gente. Entrei em desespero. deveria correr o máximo que pudesse, esperar, gritar? Decidi correr, correr em busca de alguém, odiava a solidão. Corri, minhas pernas desmancharam depois da décima curva. O sangue gorgolejava na areia e virava ácido a dissolver minha pele. Urrando em dor, pude ver cobras brotarem de onde antes estiveram minhas pernas e se prepararem para o bote. A primeira atacou meu pênis, das bolas surgiram asas e ele voou para longe. Caralho de asa!, gritei. A outra avançou contra meus olhos. Foi a última coisa que vi. Gritei no escuro durante horas a fio. Minha visão tornou após alguns dias, pelas minhas contas absurdas. Estava em um buraco no chão, forrado de veludo por dentro. Uma mão apareceu e me puxou de lá, e eu senti como se pesasse diversas toneladas. Ainda zonzo, arranquei o garrote do braço. Risadas ao redor. Percebi que outras pessoas estavam sendo puxadas de seus buracos forrados de veludo e vi no rosto delas como deveria estar o meu nesse momento. Gargalhei. E pronunciei a única coisa que veio à mente. Um puta-que-o-pariu bem espaçado.

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