11 de set. de 2009

O metal frio deslocou o ar antes de deslizar rápido em sua garganta e, logo, o único ruído audível era o gorgolejo do sangue fluindo quente pelo corte perfeito. E enquanto observava a criatura na agonia da morte iminente, ajoelhada com as duas mãos no pescoço, não conseguiu conter as lágrimas. Entretanto, seu semblante continuou sério e nenhum músculo sequer tremeu em sua face. Puxou um lenço do bolso esquerdo e enxugou a lâmina e os olhos.

-Morre, filho de uma puta. Padece sem emitir desculpas.

Sirenes. Surgiu um sorriso no canto da boca. Virou-se, encarou as luzes, deitou no chão e postou os braços às costas, como que a ofertá-los às algemas. E sem se mover, completou:

-Adeus, pai.

Então, as sirenes calaram. O vento calou. O próprio tempo parecia ter parado. Seguiu-se um grunhido alto e disforme. A última gota de sangue do desafortunado havia manchado o asfalto.

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