8 de set. de 2009

Quê? Não começe. Eu sei, sei que fiz tudo errado. Sei que te maltratei. Te fiz minha demais. Tudo ao meu jeito. Quando e como quis. Agora é tarde, Inês é morta. Não vais me convencer com essa chantagem emocional. Passei três dias a imaginar-te em minha mente e, agora que a tenho aqui comigo, nada que disseres vai mudar o que eu fiz. Nem uma palavra que seja da tua boca tão perfeita vai mudar quem eu sou, e por conseguinte, quem és. E não me olhes assim, com esses olhos tão meus. Eu fi-los ontem ainda, por último, com tanto esmero, dedos trêmulos, óleo sobre tela. Tuas pupilas negras e profundas. Sinto muito. O escarlate de tuas lágrimas de sangue ainda não teve tempo de secar. Agora dorme. Pela manhã minhas mãos hão de curar teu sofrimento.

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